Crítica: Cosmic é seguro e não demonstra dificuldades prejudiciais em tentar ser algo que o Red Velvet sempre foi.
Ao examinar a discografia do Red Velvet, você notará como o contraste entre a faixa-título e as b-sides é imenso. Isso não é, e nunca foi, um erro ou algo a ser condenado, já que o grupo possui algumas das melhores músicas (em completo sentido) da história do k-pop.
Equiparar as b-sides à faixa principal, no entanto, nunca foi o ponto forte dos numerosos EPs do quinteto. Em Cosmic isso não só acontece, como um fenômeno estranho e quase inédito, mas é também a chave principal com que se realiza esta celebração dos 10 anos do grupo. Muitos podem argumentar, com razão, que houve mais uma vez uma falta de cuidado com a promoção, essencialmente envolvendo todo o visual adotado, etc. Mas, musicalmente, elas não acertam desse modo desde 2017, quando lançaram os grandiosos The Red Summer e Perfect Velvet.
Cada música de Cosmic seria facilmente uma faixa-título. Isso não confere, porém, ao disco um clima de compilação, muito pelo contrário: é a unidade entre todas as peças do conjunto que, raramente, o grupo chegou a atingir. Além disso, também deve ser mencionada a precisão de algumas assinaturas aqui bastante definidas, como a adoção de ritmos oitentistas sustentados por sintetizadores e baixos sonhadores, além do R&B nostalgicamente posicionado com esforços vocais de primeira.
Cosmic poderia ir mais longe? Obviamente que sim, mas não seria a adição de mais volume que o tornaria melhor. Na verdade, talvez o fizesse atingir erroneamente o mesmo nível de Feel My Rhythm ou Chill Kill, obras que tanto procuraram atravessar o cânone do Red Velvet, se firmar como novos clássicos, que hoje soam presas num limbo estranhamente definido entre passado, presente e futuro. Cosmic, todavia, é seguro e não demonstra dificuldades prejudiciais em tentar ser algo que o Red Velvet sempre foi.