Emicida e a Gira Final no rio de Janeiro

terça-feira, 21 de maio de 2024
por Ana Lencastre

O Rio de Janeiro foi escolhido dentre muitas cidades para receber A Gira Final de Emicida, dada a importância desse local para tudo que fez parte na trajetória do artista, desde 2006, quando não tinha nada. Foi esse lugar que o acolheu desde o princípio, e por isso, o encerramento deste capítulo tão lindo não deixar de passar nesse lugar.

O show de abertura da banda os “Garotinhos” levou o público a dançar e festejar com um sorriso no rosto. Até quem estava sentado na arquibancada levantou para aproveitar uma homenagem as origens.

Os Garotinhos durante o show. Imagem: Ana Lencastre

A entrada de Emicida no palco foi linda, mesmo que uma hora atrasado. Ele fez questão de agradecer “um milhão de vezes” ao Rio por estarem ali desde o início assim como a Laboratório Fantasma. “É tudo pra ontem” foi a canção que ele decidiu usar para essa linda noite, já estabelecendo um forte laço entre o artista e seus fãs. Emicida quis mostrar seu talento para além da rima e fez questão de tocar flauta antes de “A Ordem Natural das Coisas”. O coro da plateia fez com que o espetáculo atingisse seu objetivo maior – fazer com que todos se sentissem parte de um culto, ou um ritual simbólico muito especial.

O primeiro convidado da noite chegou: Miguelzinho do Cavaco foi recebido ao som de muitos aplausos, e participou das canções “Corra e Olhe o Céu”, “Quem tem um Amigo tem Tudo” e “A Amizade”, uma sequência de canções emotivas, criando um momento que promove o olhar delicado àqueles que estão ao seu lado.

Miguelzinho do Cavaco durante o Show. Imagem: Ana Lencastre

O bloco inicial apresenta as canções do disco AmarElo como “Pequenas Alegrias da Vida Adulta” “9nha” com participação de Drik Barbobsa, e “Cananéia, Iguape e Ilha Comprida” e, ouso dizer, que os fãs cantavam tão alto que era possível se ouvir o show a quadras de distância.

Em meio a essas apresentações, cada membro da banda tem sua oportunidade de brilhar. Teve solo de saxofone, de percussão, de bateria, e a guitarrista Michele Cordeiro trouxe vocais impecáveis em “Hoje Cedo”.

Essa parte chegou ao fim com a faixa-título AmarElo, com o sample de Belchior que todo brasileiro sabe de cor. Nesse momento, o espetáculo se mostra acima de tudo como um show de abraços e comunhão. Emicida promove a união como um de seus pilares artísticos, e nesse momento percebe-se que não há nada como receber um abraço apertado de pessoas amadas em um momento tão especial.

Emicida durante o show. Imagem: Ana Lencastre

A mudança de cenário veio com uma iluminação intensa e vermelha, trazendo músicas que carregam um discurso de maior peso, como “Pantera Negra” que estava com uma energia surreal do público. Emicida fez uma pausa para um momento de discurso político, dada sua consciência do espaço que ocupa e da importância de sua voz. O artista fez uma declaração de apoio às famílias que perderam tudo no Rio Grande do Sul, e reforçou a importância do voto consciente, especialmente no que diz respeito às questões climáticas. O show então retomou à sua pegada forte, com apresentação de “Ooorra”, e uma viagem no tempo para 2008 com “Triunfo”.

Um dos momentos mais aguardados da noite foi a chegada dos convidados especiais. MC Marechal foi o primeiro a subir ao palco, chamado por Emicida de “o professor da nossa geração”, e emocionou o público com suas performances de “É a Guerra, Neguin” e “Favela Vive”. Em seguida, foi a vez de MC Cabelinho apresentar suas músicas “Carta Aberta” e “X1”, enquanto também reforçava o discurso sobre a vida nas favelas iniciado por MC Marechal. Por último, MC Rashid se juntou a Emicida, entoando “Confundindo sábios” e “Pipa voada”. Cada um desses convidados trouxe uma motivação única para compartilhar o palco com Emicida, criando momentos inesquecíveis para todos os presentes.

Na saída dos convidados, Drik Barbosa voltou ao palco para cantar “Mandume” com Emicida, e as apresentações solo retornaram com “Todos os olhos em nóiz”, voltando a assumir um ritmo frenético. A sequência de “Ismália”, “Levanta e Anda” e “Principia” fechou o capítulo AmarElo com chave de ouro, ainda com a honra de ouvir ao vivo o discurso poderosíssimo de Henrique Vieira presente na gravação da faixa.

O espetáculo foi se encaminhando para seu bloco final, com as faixas mais antigas da discografia de Emicida. Tivemos direito a palhinhas de covers como “Another Brick in the Wall” e “Rap da Felicidade”. Ainda no final, Mc Rashid retornou ao palco para uma batalha de rimas improvisada com Emicida, um momento lendário da noite em que os dois puderam mostrar suas melhores faces como artistas.

O encerramento se deu com o maior hit da carreira de Emicida, “Passarinhos”, acompanhado de um lindo coro do público, seguido de uma performance de “Emoriô”, em homenagem a João Donato. O público carioca recebeu infinitos agradecimentos pela participação e pelo acolhimento nessa jornada tão especial. AmarElo é um projeto coletivo, uma experiência de culto e fé através da música, construído como celebração da liberdade, do amor, da cura, da felicidade e da vida.

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