Astrud Gilberto, a voz de “The Girl From Ipanema”, morre aos 83 anos
Astrud Gilberto, a cantora que se tornou o rosto da bossa-nova nos EUA, morreu ontem, dia 5, aos 83 anos. A notícia foi dada pelo perfil de Sofia Gilberto, a sua neta de sete anos. Astrud foi casada com João Gilberto entre 1959 e 1964 com quem teve um filho, João Marcelo Gilberto.
“Astrud foi a verdadeira garota que levou a bossa nova de Ipanema para o mundo. Foi a pioneira e a melhor. Aos 22 anos, deu voz à versão em inglês de “Garota de Ipanema” e ganhou fama internacional. A música, um hino da bossa nova, se consagrou como a segunda mais tocada em todo o mundo principalmente por sua causa”, diz um trecho da postagem.
A carreira de Astrud, nascida em Salvador em 1940, começou por mero acaso. Durante a gravação do futuro clássico álbum “Getz/Gilberto”, do saxofonista Stan Getz, Astrud, que já havia se apresentado ao vivo em algumas ocasiões, mas nunca em um estúdio de gravação, acabou cantando o trecho em inglês de “Garota de Ipanema”, ou “The Girl From Ipanema”, já que João, que canta outro trecho, em português, não se dava muito bem com o idioma.
Apesar de gravado em 1963, o LP ficou engavetado até o ano seguinte , quando a Verve decidiu colocá-lo no mercado. “The Girl From Ipanema” foi lançada em compacto, em uma versão editada, apenas com a parte de Astrud, e explodiu. O single chegou no quinto lugar do Hot 100 da Billboard e levou o Grammy de gravação do ano. A voz da novata pode ser ouvida em outra faixa do disco que se tornou igualmente clássica: “Corcovado”, mais conhecida na América como “Quiet Nights of Quiet Stars”
Astrud se torna o “rosto da bossa-nova” para os americanos e ganha fama no país, aparecendo em filmes e programas de prestígio, como o Ed Sullivan Show. Com o sucesso, Gilberto se profissionaliza e passa a gravar uma série de LPs pela Verve. Os álbuns misturam standards, clássicos e novidades da bossa-nova, e da música brasileira e também hits da música pop contemporânea.
Esses discos se tornariam cultuados futuramente, quando estilos como o lounge e o easy listening entraram no vocabulário do pop. Para os fãs do gênero, trabalhos como “The Astrud Gilberto Album”, sua estreia solo, de 1965, e “Beach Samba” (1967) são preciosos.
Com o sucesso, a baiana se radicou definitivamente nos EUA e raramente voltou ao Brasil. Assim como seu ex-marido a artista soube criar uma aura de mistério ao seu redor, dando poucas entrevistas e se afastando mais e mais dos holofotes.
Seu último CD, “Jungle”, saiu em 2002 e a cantora, se dizendo cansada da maneira como era tratada pelas gravadoras, passou os últimos anos de sua vida de maneira reclusa, se dedicando à família e à pintura. Ela também era uma ativista dedicada à causa do bem-estar animal.
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